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Como foi cruzar da Venezuela para o Brasil de motorhome: bastidores de uma travessia histórica

  • Foto do escritor: Do Norte Ao Norte
    Do Norte Ao Norte
  • 7 de mai.
  • 3 min de leitura

Em maio de 2023, decidimos encarar um dos trechos mais desafiadores da nossa jornada pela América do Sul: cruzar a Venezuela de motorhome. Foram quase 2.000 km percorridos desde a fronteira com a Colômbia até Roraima, rumo a Manaus. Uma rota que, além de mais direta, nos permitiria fechar o ciclo de quase sete anos na estrada.


A fronteira entre Colômbia e Venezuela havia sido reaberta recentemente, após anos fechada por conta da pandemia. Nós fomos um dos primeiros viajantes brasileiros a atravessar por ali, carregando não só bagagens, mas também um monte de precauções, documentos e um pouco de medo do desconhecido.


Planejamento com muitos "e se"

Atravessar um país em crise requer muito mais do que coragem: é preciso planejamento, contatos locais e uma boa dose de jogo de cintura. Fizemos tudo com antecedência: carta-convite, contatos de apoio, cópias dos documentos, reserva de diesel extra e um plano para a internet - que é essencial para nosso trabalho remoto. Como a Starlink teoricamente não funcionaria na Venezuela, fomos preparados para ficar off-line. Mas, para nossa surpresa, ela funcionou!


Atravessando a fronteira: caos organizado

A entrada no país foi, no mínimo, tensa. Documentos conferidos diversas vezes, perguntas sobre nossa estadia e o temido contato com a polícia local, conhecida por abordagens recorrentes e não muito amigáveis. Só no primeiro dia, fomos parados oito vezes. Policiais pedindo tudo: da CNH à carta-convite, com perguntas repetidas e, às vezes, "pedidos" disfarçados de sugestões: "não tem um regalito aí pro almoço?".



Surpresas pelo caminho

Mas não foi só tensão. A Venezuela nos surpreendeu com paisagens incríveis, como as praias do Caribe em Morrocoy e a imensidão da Gran Sabana. A recepção das pessoas, aliás, foi emocionante. Recebemos apoio de viajantes locais e estrangeiros, pernoitamos em casas de famílias, lavamos roupa com ajuda de quem a gente mal conhecia e ganhamos sorrisos e arepas quentinhas. Em meio ao caos, conhecemos um povo acolhedor, forte e generoso.




Preços, filas e improvisos

A economia do país também nos deixou de queixo caído. Dólares são usados mais que os bolívares e, em algumas regiões, até ouro serve como moeda. Vimos motos sendo vendidas por gramas de ouro e supermercados com produtos dolarizados a preços altíssimos. Encher o tanque com diesel exigia paciência: às vezes o combustível desaparecia por dias, e só era vendido em galões extras com um "agrado" para o frentista.



O trecho final: adrenalina pura

Os últimos dias foram os mais intensos. Atravessar a região de mineração ilegal e o famoso KM 88 exigiu paciência e atenção. Trechos destruídos, pontes caídas e desvios enlameados testaram os limites do nosso motorhome. Mas conseguimos. Subimos a serra da Gran Sabana, dormimos no meio da estrada, visitamos cachoeiras e, finalmente, avistamos a placa: "Manaus, 995 km".



Conclusão: atravessar a Venezuela foi um divisor de águas

Cruzamos o país mais polêmico da América do Sul e ficou a experiência para contar a história. Não romantizamos: foi difícil, cansativo, tenso. Mas também foi transformador. Vimos que por trás das manchetes há pessoas. Que um povo não é seu governo. Que é possível, sim, viajar pela Venezuela com planejamento e respeito. E que, muitas vezes, os caminhos mais desafiadores são os que mais nos ensinam.


Se você pensa em fazer esse trecho, se prepare. Mas não desista só pelo medo. Porque no final, a estrada retribui com as melhores histórias.




Curtiu esse travessia? Assista ao documentário completo no nosso canal no YouTube:


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